quinta-feira, 21 de julho de 2011

Desligamento



Desligamento

Retirado do livro: Co-Dependência Nunca Mais de Melody Beattie

"Desligamento não significa desligar-nos da pessoa que amamos, mas da agonia do envolvimento". - Membro do Al-Anon

Quando eu estava tentando escolher a matéria para o primeiro capítulo dessa seção, vários assuntos disputaram o primeiro lugar. Escolhi desligamento não porque é significativamente mais importante do que os outros conceitos. Selecionei-o porque é um conceito implícito. É algo que precisamos fazer freqüentemente, quando lutamos para viver felizes. É o objetivo da maioria dos programas de recuperação para co-dependentes. E é também o que devemos fazer primeiro - antes das outras coisas que também precisamos fazer. Não podemos começar a trabalhar a nós mesmos, a viver nossas próprias vidas, sentir nossas emoções e resolver nossos próprios problemas até que nos desliguemos do objeto da nossa obsessão. Pela minha experiência (e a de outros), parece que nem nosso Poder Superio pode fazer muita coisa por nós até que nos desliguemos.

Ligação


Quando um co-dependente diz: "Acho que me estou ligando a você." Cuidado! Ele ou ela provavelmente está falando a verdade.
A maioria dos co-dependentes são ligados a pessoas e problemas em seus ambientes. Por "ligação" não me estou referindo a sensações normais como gostar das pessoas, preocupar-nos com problemas ou sentir-nos ligados ao mundo. "Ligar" é envolver-se demais, às vezes desesperadamente.

A ligação pode ter várias formas:

* Podemos tornar-nos excessivamente ligados e preocupados com um problema ou pessoa (nossa energia mental está ligada).
* Ou podemos gradualmente tornar-nos obcecados em controlar as pessoas e os problemas à nossa  volta (nossa energia mental, física e emocional é concentrada no objeto de nossa obsessão)
* Podemos  tornar-nos reacionários, em vez de agirmos  autenticamente, de acordo com nosso própria vontade (nossa energia mental, emocional e física está ligada)
* Podemos tornar-nos emocionalmente dependentes das pessoas a nossa volta (agora, sim, estamos realmente ligados).
* Podemos tornar-nos tomadores de conta (salvadores, capacitadores) das pessoas a nossa volta (ligando-nos firmemente à necessidade deles por nós).

Os problemas com a ligação são muitos. (Nesse capítulo focalizarei a preocupação e a obsessão. Nos capítulos seguintes abordarei outras formas de ligação.) Demasiado envolvimento de qualquer tipo pode manter-nos em um caos: pode manter as pessoas a nossa volta em estado caótico. Se concentrarmos toda a nossa energia em pessoas e problemas, pouco nos restará para viver nossa própria vida. E há muita preocupação e responsabilidade no ar. Se assumirmos tudo para nós mesmos, não sobrará nada para as pessoas a nosso redor. Fazemos demais e eles, de menos. Além disso, preocupar-nos com pessoas e problemas não ajuda nada. Não resolve os problemas, não ajuda a outras pessoas e nem nos ajuda. É uma energia desperdiçada.
"Se você acredita que passar mal ou preocupar-se demais mudará um acontecimento, deve estar vivendo em outro planeta com um sistema diferente de realidade", escreveu o Dr. Wayne W. Dyer em Your Erroneous Zones.
A preocupação e a obsessão embaralham tanto nossa mente que não conseguimos resolver nossos problemas. Quando nos ligamos dessa forma a alguém ou a algo, nos desligamos de nós mesmos. Perdemos o contato conosco. Perdemos nossos poderes e a capacidade de pensar, de sentir, de agir, e de nos cuidar. Perdemos o controle.
A obsessão com outro ser humano ou com um problema é algo terrível para se ficar preso. Você já reparou uma pessoa obcecada por alguém ou por alguma coisa? Essa pessoa não consegue falar em mais nada, não consegue pensar em nada mais. Mesmo quanod parece estar ouvindo você falar, você sabe que ela não a está escutando. A mente dela está virando-se e revirando-se, estalando e martelando em círculos como numa interminável pista de corrida de pensamentos compulsivos. Ela está preocupada. Relaciona qualquer coisa que você disser ao objeto de sua obsessão, não importa a pouca relação que tenha uma coisa com a outra. Ela repete as mesmas coisas, de novo e de novo, às vezes mudando ligeiramente as palavras, às vezes usando as mesmas palavras. Nada que você diga faz qualquer diferença. Até pedir para parar não funciona. Ela provavelmente pararia, se pudesse. O problema é que não consegue (naquele momento). Está explodindo de energia negativa da qual a obsessão é feita. Tem um problema ou um conceito que está não apenas perturbando-a - está controlando-a.
Muitas pessoas com quem trabalhei em grupos familiares estavam obcecadas dessa forma pelas pessoas de quem gostavam. Quando perguntava o que estavam sentindo, respondiam o que a outra pessoa estava sentindo. Quando perguntava o que tinham feito, contavam o que a outra pessoa tinha feito. Sua total concentração era em alguém ou em algo que não elas. Algumas passaram anos fazendo isso - preocupando-se, reagindo e tentando controlar outro ser humano. Elas eram apenas cascas - às vezes quase invisíveis - de pessoas. Sua energia estava exaurida, dirigida a alguém. Não conseguiam dizer o que sentiam ou pensavam porque elas mesmas não sabiam. Sua concentração não estava nelas.
Talvez você esteja obcecado por alguém ou por algo. Alguém diz ou faz alguma coisa. Um pensamento logo lhe ocorre. Algo que o faz recordar-se de alguma coisa passada. Um problema penetra em sua consciência. Algo acontece ou não acontece. Ou você sente que algo está acontecendo, mas não sabe exatamente o quê. Ele não telefona, e costuma ligar para você por esta hora. Ele não atende ao telefone, e deveria. É dia de pagamento. Antes ele sempre bebia no dia do pagamento. Ele está sóbrio há apenas três meses. Será que isso acontecerá de novo hoje? Você pode não saber o que, pode não saber por que, ou não tem certeza de quando, mas você sabe que algo - algo terrível - aconteceu, está acontecendo ou está por acontecer.
Isso lhe embrulha o estômago. Toma conta de você - aquele nó na barriga, aquela ansiedade que os co-dependentes conhecem tão bem. É isso que nos leva a fazer a maioria das coisas que nos prejudicam; é a substância da qual a preocupação e a obsessão se alimentam. É o medo em sua pior forma. O medo geralmente vem e vai, deixando-nos no ar, prontos para lutar, ou apenas temporariamente amedrontados. Mas a ansiedade continua lá. Ela agarra a mente, paralisando-a para tudo, menos para seus próprios objetivos - uma interminável reedição dos mesmos pensamentos inúteis. É o combustível que nos impulsiona aos comportamentos controladores de todos os tipos. Não pensamos em mais nada além de manter uma tampa nas coisas, controlar problemas, e fazer com que vá embora; é a coisa da qual a co-dependência é feita.
Quando você fica obcecado, não consegue tirar o pensamento daquela pessoa ou daquele problema. Não sabe o que está sentindo. Não sabe o que está pensando. Não tem certeza nem do que deve fazer, mas, pelo amor de Deus, faça algo! E rápido!
Preocupar-se, ficar obcecado e controlar são ilusões. São trapaças que fazemos com nós mesmos. Sentimos como se estivéssemos fazendo algo para resolver nossos problemas, mas não estamos. Muitos reagimos desta forma, com justificável boa razão. POdemos ter convivido com problemas sérios e complicados que despedaçaram nossas vidas, que fariam com que qualquer pessoa normal se tornasse ansiosa, aborrecida, preocupada e obcecada. Pode ser que amemos alguém que tenha problemas - alguém que esteja fora do controle. Esses problemas podem ser alcoolismo, algum distúrbio de comer, jogar, um problema mental ou emocional ou uma combinação disso tudo.
Pode ser que alguns de nós tenhamos problemas menos sérios, mas eles nos preocupam de qualquer maneira. Pode ser que a pessoa que amamos subitamente mude de humor. Ou faça coisas que desejássemos que não fizesse. Ou achamos que ele ou ela deveria fazer as coisas de uma forma diferente, de uma forma melhor, uma forma que achamos que não causaria tantos problemas.
Com a convivência, alguns de nós podemos desenvolver uma atitude de ligação - de preocupar, reagir e tentar controlar obsessivamente. Talvez tenhamos vivido com pessoas e passado por coisas que estavam fora do controle. Talvez a obsessão e o controle sejam a forma pela qual mantemos as coisas em equilíbrio ou evitamos temporariamente que elas piorem. E depois continuamos a fazer isso. Talvez tivéssemos medo de nos afatar, porque, quando nos afastamos no passado, coisas terríveis e dolorosas aconteceram.
Talvez estejamos ligados a pessoas - vivendo a vida para elas e através delas - por tanto tempo que não nos sobrou nenhuma vida para ser vivida. É mais seguro ficarmos juntos. Pelo menos se estamos reagindo sabemos que estamos vivos. Pelo menos temos algo para fazer, se ficarmos obcecados ou controlando.
Há várias razões pelas quais os co-dependentes tendem a se agarrar aos problemas e às pessoas. Não importa se preocupar-se não resolve nada. Não importa que estejam tão obcecados que não consigam ler um livro, assistir à televisão ou dar um passeio. Não importa se suas emoções estejam constantemente em tumulto quannto ao que a pessoa disse ou não disse, ao que fez ou não fez, ou ao que fará a seguir. Não importa se as coisas que estamos fazendo não estejam ajudando à ninguém! Não importa a que custo, continuaremos ligados. Rangeremos os dentes, pegaremos a corda e ficaremos mais agarrados do que nunca.
Alguns de nós nem mesmo nos damos conta de que nos estamos agarrando tanto. Ou nos convencemos de que temos de ficar agarrados assim mesmo. Achamos que simplesmente não há outra escolha além de reagir ao problema ou à pessoa dessa maneira obsessiva. Freqüentemente, quando sugiro às pessoas que se desliguem da outra pessoa ou do problema, elas recuam em horror. "Oh, não", dizem, "eu não poderia nunca fazer isso. Eu o amo demais. Importo-me demais com ele para fazer isso. Esse problema ou pessoa é importante demais pra mim. Tenho de permanecer ligado a ele."
Minha resposta é: "QUEM DISSE QUE TEM?"
Tenho uma notícia, uma boa notícia. Nós "não temos" de fazer nada. Há uma maneira melhor. Chama-se "desligamento". Pode ser assustador no princípio, mas no final será melhor para todos os envolvidos.

Uma Maneira Melhor


O que é exatamente desligar-se? O que estou pedindo de você? (O termo, como já deve ter adivinhado, é mais um jargão.)
Primeiro, vamos discutir o que desligamento não é. Desligamento não é um abandono frio e hostil; a resignada, desesperada aceitação de qualquer coisa que a vida e as pessoas jogam em nosso caminho; nem uma caminhada robótica através da vida, esquecidos e totalmente insensíveis às pessoas e aos problemas; nem uma felicidade ignorante tipo Poliana; nem uma fuga de nossas verdadeiras responsabilidades para com nós mesmos e com os outros; nem o término de nossas relações. Nem remover nosso amor e preocupação, embora às vezes essas formas de desligamento possam ser o melhor a fazer, no momento.
Idealmente, desligamento é desobrigar-se, ou desligar-se, de uma pessoa ou problema com amor. Desligar-nos mentalmente, emocionalmente e às vezes fisicamente de um envolvimento não saudável (e freqüentemente doloroso) da vida e das responsabilidadesd e outra pessoa, de problemas que não podemos resolver, de acordo com um folheto intitulado "Desligamento" que foi distribuído há anos para os frequentadores do Al-Anon.
Desligamente é baseado na premissa de que cada pessoa é responsável por si mesma, que não podemos resolver problemas que não são nossos, e que preocupar-se não adianta nada. Adotamos a política de nos afastar das responsabilidades de outras pessoas, e a cuidar das nossas. Se as pessoas criam alguns desastres para si mesmas, permitimos que elas próprias enfrentem as conseqüencias. Permitimos às pessoas serem quem são. Damos a elas a liberdade de serem responsáveis e de crescerem. E damos a nós mesmos essa mesma liberdade. Vivemos nossas próprias vidas o melhor que podemos. Lutamos para determinar o que podemos mudar e o que não podemos mudar. Depois, paramos de tentar mudar as coisas que não podemos. Fazemos o que podemos para resolver um problema, e depois paramos de nos lamuriar e de nos afligir. Se não podemos resolver um problema e fizemos o que podíamos fazer, então aprendemos a viver com o problema, ou apesar daquele problema. E tentamos viver vidas felizes - concentrando-nos heroicamente no que é bom em nossa vida hoje, e sentindo gratidão por isso. Aprendemos a lição mágica de que aproveitar o que temos ao máximo transforma isso em mais.
Desligamento envolve "viver o momento presente" - viver aqui e agora. Permitimos que a vida aconteça, em vez de forcá-la e tentar encontrá-la. Abandonamos os arrependimentos do passado e o medo do futuro. Fazer o melhor a cada dia.
Desligamento também envolve aceitar a realidade - os fatos. Requer fé - em nós mesmos, em Deus, em outras pessoas e na ordem natural e no destino das coisas nesse mundo. Acreditamos na propriedade e na exatidão de cada momento. Livramo-nos de nossas cargas e preocupações, e permitimo-nos a liberdade de gozar a vida, apesar de nossos problemas não resolvidos. Confiamos em que tudo está bem, apesar dos conflitos. Confiamos em que Alguém maior que nós mesmos sabe, ordenou e se importa com o que está acontecendo. Compreendemos que esse Alguém pode fazer muito mais do que nós para resolver o problema. Então tentamos sair do caminho Dele e deixar que Ele faça isso. Com o tempo saberemos que tudo está bem, porque veremos como as coisas mais estranhas (e às vezes mais dolorosas) mudam para melhor e para o benefício de todos.
Judi Hollis escreveu sobre desligamento num capítulo sobre co-dependência em seu livro Fat Is a Family Affair. Ela descreve o desligamento como uma "saudável neutralidade".
Desligamento não significa que não nos importamos. Significa que aprendemos a amar, a nos importar, e a nos envolver sem ficarmos loucos. Paramos de criar todo esse caos em nossas mentes e em nossos ambientes. Quando não nos estamos debatendo ansiosa e compulsivamente, nos tornamos capazes de tomar boas decisões sobre como amar as pessoas e como resolver nossos problemas. Ficamos livres para nos importar e amar de maneiras que ajudam aos outros e sem ferirmos a nós mesmos.
As recompensas do desligamento são grandes: serenidade, uma profunda sensação de paz; a capacidade de dar e receber amor de maneiras positivas e energizantes; e a liberdade para encontrar soluções reais para os nossos problemas. Encontramos liberdade para viver nossa própria vida sem sensações excessivas de culpa ou de responsabilidade para com os outros. Às vezes, o desligamento até motiva e liberta as pessoas em volta de nós para que comecem a resolver seus problemas. Paramos de preocupar-nos com elas; elas se dão conta e finalmente começam a preocupar-se com elas mesmas. Que grande plano! Cada um tratando de sua própria vida.
Anteriormente, descrevi uma pessoa presa no envolvimento das obsessões e preocupações. Conheci muitas pessoas que tiveram ou preferiram viver com problemas sérios, como um cônjuge alcoólico que nunca para de beber, uma criança severamente deficiente, ou um adolescente infernal que destrói a si mesmo através de drogas e de comportamento criminoso. Essas pessoas aprenderam a viver a vida, apesar de seus problemas. Elas choraram suas perdas, depois encontraram uma maneira de viver suas vidas não em resignação, martírio ou desespero, mas com entusiasmo, paz e um verdadeiro senso de gratidão pelo que era bom. Elas tomaram conta de suas verdadeiras responsabilidades. Elas se davam às pessoas, ajudavam as pessoas e amavam as pessoas. Mas também se davam e amavam a si mesmas. Mantinham-se em alta estima. Não faziam essas coisas com perfeição, sem esforço, ou instantaneamente. Mas empenharam-se e aprenderam a fazê-las bem.
Tenho um débito de gratidão para com essas pessoas. Elas me ensinaram que o desligamento era possível. Mostraram-me que isso funciona. Gostaria de poder transmitir essa mesma esperança a você. E que você encontre outras pessoas para passar adiante essa esperança, porque o desligamento é real e floresce com apoio e cuidado.
Desligamento é tanto uma ação quanto uma arte. É uma forma de vida. Acredito que é também um presente. E será proporcionado àqueles que o procuram.
Como nos desligamos? Como livrar nossas emoções, nossa mente, nosso corpo e nosso espírito da agonia do envolvimento? Da melhor forma que pudermos. E provavelmente um pouco desajeitadamente no princípio. Um velho ditado dos Alcoólicos Anônimos e do Al-Anon sugere uma fórmula de três partes: Honestidade, Abertura e Desejo de Tentar.
Nos próximos capítulos, discutiremos conceitos mais específicos de desligamento de certas formas de ligação. Você terá de decidir como essas idéias se aplicam a você e à sua situação em particular, e depois encontrar seu próprio caminho. Com um pouco de humildade, dedicação e esforço de sua parte acredito que possa fazer isso. Acredito que o desligamento pode transformar-se em reações costumeiras, da mesma maneira que a obsessão, a preocupação e o controle se transformam em reações costumeiras - pela prática. Você pode não fazer isso perfeitamente, mas ninguém faz. Contudo, seja qual for o ritmo em que pratique o desligamento em sua vida, acredito que será o certo para você. Espero que você seja capaz de se desligar com amor das pessoas das quais se esteja desligando. Acho que é melhor fazer tudo numa atitude de amor. Entretanto, por uma série de razões nem sempre podemos fazer isso. Se não pode desligar-se com amor, minha opinião é de que é melhor separar-se com raiva do que permanecer ligado. Se estamos separados, estamos numa posição melhor para lidarmos com (ou através) nossos ressentimentos. Se continuarmos ligados, provavelmente não faremos outra coisa a não ser continuar perturbados.
Quando devemos nos desligar? Quando não conseguimos deixar de pensar, falar e preocupar-nos com algo ou alguém; quando nossas emoções estãõ fervendo; quando achamos que temos de fazer quanto a alguém, porque não conseguimos aguentar nem mais um minuto; quando estamos por um fio, e esse fio está enfraquecendo; e quando acreditamos que não podemos mais conviver com o problema com o qual temos tentado viver. É hora de desligamento! Você aprenderá a reconhecer quando o desligamento for aconselhável. Uma boa regra é: você precisa desligar-se principalmente quando isso parecer a coisa mais impossível a ser feita.
Fecharei este capítulo com uma história verdadeira. Uma noite, por volta da meia-noite, o telefone tocou. Eu já estava na cama e imaginei, enquanto pegava o telefone, quem poderia estar ligando àquela hora. Achei que devia ser uma emergência.
E de certa forma, era. Era uma desconhecida. Ela estava telefonando para vários amigos há horas, tentando encontrar algum tipo de consolo, o que aparentemente não havia sido capaz de encontrar. Alguém lhe deu o telefone de outra pessoa, aquela pessoa deu o telefone de alguém mais, e a última pessoa sugeriu que ela me telefonasse.
Imediatamente após se apresentar, a mulher explodiu num longo discurso. Seu marido costumava ir ao A.A. Ele se separara dela, e agora estava vendo outra mulher porque queria "encontrar-se". Além disso, antes de deixá-la, ele vinha agindo como louco e não estava indo às reuniões. E, perguntava ela, ele está agindo como louco, saindo com uma mulher muito mais jovem do que ele?
No princípio fiquei muda, depois foi difícil encontrar uma chance para dizer alguma coisa. Ela falava sem parar. Finalmente ela perguntou:
- Você acha que ele está doente? Não acha que está louco? Não acha que ele deve fazer alguma coisa?
- Talvez - respondi. - Mas obviamente não posso fazer nada, e você tampouco. Estou mais preocupada é com você. Como você está se sentindo? O que você acha? O que você precisa para cuidar de si mesma?
Agora, quero dizer a mesma coisa a você, caro leitor. Sei que tem problemas. Compreendo que possa estar profundamente aflito e preocupado com certas pessoas em sua vida. Elas podem estar destruindo a si próprias, você, e à sua família, bem diante de seus olhos. Mas não posso fazer nada para controlar essas pessoas; e provavelmente você também não. Se pudesse certamente já teria feito.
Desligue-se. Desligue-se com amor, ou com raiva, mas esforce-se para desligar-se. Sei que é difícil, mas será mais fácil com a prática. Se não conseguir desligar-se completamente, tente "ficar solto". Relaxe. Agora, respire fundo. E concentre-se em você.

Atividade


1 - Existe algum problema ou pessoa em sua vida que o esteja preocupando em excesso? Escreva sobre essa pessoa ou problema. Escreva tanto quanto precisar pra desabafar. Quando escrever tudo que precisar sobre a pessoa ou o problema, concentre-se em si mesmo. O que está pensando? O que está sentindo?

2 - Como se sente quanto a desligar-se dessa pessoa ou desse problema? O que pode acontecer se você se desligar? O que provavelmente acontecerá de qualquer forma? Como ficar "ligado" - preocupado, obcecado, tentando controlar - tem ajudado até agora?

3 - Se não tivesse essa pessoa ou esse problema, o que estaria fazendo de diferente em sua vida do que está fazendo agora? Como se estaria sentindo e comportando? Leve alguns minutos visualizando a si mesmo vivendo sua vida, sentindo-se e comportando-se à sua maneira - apesar de seus problemas não resolvidos. Visualize suas mãos colocando nas mãos de Deus a pessoa ou o problema que o atormenta. Visualize Suas mãos segurando aquela pessoa suave e carinhosamente ou aceitando desejosamente aquele problema. Agora, visualize Suas mãos segurando você. Está tudo bem. Tudo está como deveria e precisa estar. Tudo ficará bem - melhor do que você imagina.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

GRUPO ON-LINE É UM GRUPO CoDA??


- GRUPO ON-LINE É UM GRUPO CoDA?? -
** SEJA BEM VINDO AO GRUPO ON-LINE CoDA_BR!!**

- Alguns Esclarecimentos -

CoDA_BR Grupo-Lista de e-mails



Clique aqui para cadastrar-se coda_br




** O QUE É UM GRUPO DE CoDA?

Conforme é observado na 3ª Tradição, duas ou mais pessoas que se reúnam regularmente com o objetivo de se recuperarem de padrões de comportamento co-dependentes através da prática do Programa de Recuperação de CoDA, podem considerar-se um Grupo de CoDA, desde que, como grupo, não se filiem a nenhuma outra entidade e sejam auto-suficientes quanto à sua manutenção (7ª Tradição).

O único requisito para o ingresso e participação no Grupo, a fim de se tornar membro de CoDA e receber sua ajuda, é o desejo de recuperar-se da co-dependência (3ª Tradição), não havendo, portanto, nenhuma outra exigência, como por exemplo, o pagamento de taxas e mensalidades.

O propósito primordial do Grupo é a transmissão da mensagem de CoDA para aqueles que ainda sofrem com esta síndrome. (5ª Tradição). Os companheiros em recuperação ajudam os que se encontram em sofrimento e o anonimato pessoal de cada um deve ser respeitado.

Conforme nossa 8ª Tradição, Em CoDA não há participação de profissionais de saúde, a não ser como membros de CoDA, isto é, como pessoas que se reconheçam co-dependentes e desejam recuperar-se. Isto significa que a terapia e orientação do Grupo não são dirigidas por psicólogos, psiquiatras, etc.; estas encontram-se no Programa de Recuperação de CoDA, fundamentado nos Doze Passos e nas Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos, adaptados para o CoDA e transmitidos através da experiência dos que estão em recuperação.

Em todas as suas atividades, o Grupo deve orientar-se pelas DOZE TRADIÇÕES a fim de que se mantenha unido e fiel ao seu propósito primordial (5ªTRADIÇÃO), agindo sempre em harmonia com os princípios de CoDA. Assim sendo, o estudo e observância das Doze Tradições são da maior importância para todos os integrantes do Grupo.

Desejamos à todos uma ótima reunião!!

Serenidade e Desligamento Emocional



Serenidade & Desligamento Emocional 

** O que é Serenidade?? **

O termo é definido de varias maneiras: a calma, o sossego, a paz, e tranqüilidade, a paz da mente, o equilíbrio emocional, o estado não perturbado, o sangue frio e o domínio de si mesmo.

Contudo, do ponto de vista prático, talvez a melhor definição seria “a capacidade de viver em paz com os problemas não resolvidos".

A Oração da Serenidade fala em “aceitar as coisas que não podemos modificar”.

A ACEITAÇÃO não deve ser confundida com a concordância.

Nem sempre concordamos, ou gostamos, com o modo como as coisas acontecem ou são conduzidas a nossa volta, temos este direito. Temos o direito de escolher nossos gostos e opiniões, como todas as pessoas o têm; mas temos obrigação de respeitar quem é, sente e pensa diferente de nós outros e vice-versa.

Em muitos momentos é possível que seja verdade que estejamos coerentes e certos em nossas posições, mas muitas vezes isto contribui pouco ou quase em nada para mudar a realidade a nossa volta.


O quê fazer então?

Entregar-se a sentimentos oriundos da contraridedade, como a raiva, a revolta e sentimentos de revanchismo?

Em CoDA nós entendemos que é nesse momento que devemos lançar mão da ORAÇÃO da SERENIDADE.

Talvez possamos dizer que o resultado da prática da ORAÇÃO da SERENIDADE seja o DESLIGAMENTO EMOCIONAL dos fatos, coisas e pessoas que não podemos modificar.

Mas é preciso compreender que ACEITAÇÃO não é indiferença.

A indiferença deixa de distinguir entre as coisas que podem e as que não podem ser mudadas.

A indiferença paralisa a INICIATIVA para que modifiquemos as coisas que podemos.

A aceitação libera a iniciativa, aliviando-a das "cargas impossíveis", transferindo o foco da ação para o "possível".

A ACEITAÇÃO é um ATO do LIVRE ARBÍTRIO, mas, para ser eficaz, requer a CORAGEM moral de se persistir apesar do problema imutável.

A aceitação liberta o aceitante, rompendo-lhe as cadeias da autopiedade.

Uma vez que aceitamos o que não pode ser modificado, ficamos livres emocionalmente e psicologicamente para nos empenhar em novas atividades.

Foi dito que uma mente imatura procura um mundo idealístico.

Queiramos ou não, precisamos encarar o mundo da realidade e aceitar a vida tal qual ela é, com todas as suas crueldades e inconsistências.

Talvez, em última análise, o inicio da SABEDORIA esteja na simples admissão de que as coisas nem sempre são como queríamos que fossem.

E que nós mesmos somos imperfeitos e não tão bondosos e trabalhadores quanto gostaríamos de ser.

*****

Oração da Serenidade


Concedei-nos Senhor a Serenidade necessária,

para Aceitar as coisas que não podemos modificar;

Coragem para modificar aquelas que podemos;

e  Sabedoria para distinguir umas das outras.

Oração da Serenidade

Boas Vindas



** Boas Vindas **

Seja bem-vindo a Codependentes Anônimos, um programa de recuperação para a codependência onde cada um de nós pode compartilhar da nossa experiência, força, e esperança em nossos esforços para nos libertarmos da escravidão e confusão das nossas relações com outros e com nós mesmos.

A maioria de nós temos estado a procura de várias maneiras para superar nossos dilemas, fruto dos conflitos em nossas relações e nossa infância. Muitos de nós fomos criados em famílias disfuncionais, onde existiam problemas com várias adicções, outros já não o foram. Em qualquer um dos casos, constatamos que em nossas vidas a codependência é um comportamento compulsivo profundamente arraigado e que nasce por vezes em famílias com sistemas extremamente disfuncionais e em outros casos não. 

Cada um de nós temos experimentado da sua própria maneira ao longo de nossas vidas, o trauma doloroso do vazio da nossa infância e dos nossos relacionamentos. Nós tentamos usar os outros - nossos companheiros, amigos, e até mesmo nossos filhos, como nossa fonte exclusiva de identidade, valor próprio, bem-estar e como um modo de tentar restabelecer dentro de nós as perdas emocionais de nossas infâncias. Nossas histórias pessoais podem incluir outras adicções poderosas através das quais em momentos de nossas vidas temos recorrido para enfrentar a nossa codependência. 

Nós temos aprendido por muito tempo a sobreviver a vida, mas em CoDA nós estamos aprendendo a viver vida. Por intermédio da aplicação em nossa vida diária e em nossos relacionamentos - atuais e passados - dos Doze Passos e dos princípios de vida que encontramos em CoDA, podemos experimentar uma nova liberdade de nossos próprios estilos auto-destrutivos de viver. Este é um processo de crescimento individual. Cada um de nós está crescendo ao seu próprio passo e assim o continuaremos fazendo para permanecermos abertos e receptivos ao que se refere a vontade de Deus em nossas vidas.

Nosso compartilhar é a nossa maneira de identificação e nos ajuda a nos livrarmos dos laços emocionais do nosso passado e do controle compulsivo do nosso presente. 

Não importa o quanto traumático possa ter sido o seu passado ou o quanto desesperador possa parecer o seu presente, existe esperança por um novo dia através do programa de CoDA Codependentes Anônimos. Você já não precisa mais buscar em suas relações com os demais a força que somente um Poder Superior pode lhe oferecer. Esperamos que você possa encontrar aqui uma nova força interior para que você possa chegar a ser a criação de Deus que és, um ser PRECIOSO E LIVRE.

Preâmbulo

** Preâmbulo **

Co-Dependentes Anônimos é uma Irmandade de homens e mulheres cujo único propósito é desenvolver relações saudáveis. O único requisito para ser membro é o desejo de desenvolver relações saudáveis e satisfatórias consigo mesmo e com os demais. Nos reunimos para darmos apoio uns aos outros e compartilhar uma jornada de autodescobrimento que é o aprender a amarmos a nós mesmos. Ao incorporar os princípios deste programa, nos tornamos cada dia mais honestos conosco mesmos a respeito de nossas histórias pessoais e de nossos comportamentos co-dependentes. Recorremos aos 12 Passos e a 12 Tradições como fontes de conhecimento e sabedoria. Eles constituem os princípios de nosso programa e servem como guias para desenvolvermos relações honestas e satisfatórias conosco mesmos e com os demais. Nosso compartilhar é a nossa maneira de identificação e nos ajuda a nos livrarmos dos laços emocionais do nosso passado e do controle compulsivo do nosso presente. Em CoDA cada um de nós aprende a construir uma ponte que nos conecta a um Poder Superior, segundo cada um de nós O concebe, e concedemos aos demais o mesmo privilégio. Este processo de renovação é um presente de cura para nós.Ao incorporar ativamente o programa de Co-Dependentes Anônimos em nossas vidas, podemos alcançar um novo nível de Aceitação da Realidade e de Serenidade.

Guia para Compartilhar Experiência em CoDA

Extraído do Kit Abertura de Grupo CoDA USA - ESPANHOL - Vide : Seção PROGRAMA - Ítem 16


* 1ª TRADIÇÃO de CoDA: Nosso bem-estar COMUM deve vir em primeiro lugar; o progresso pessoal do maior número de membros depende da unidade. *


No processo de recuperação é importante que cada um fale a medida que se sinta pronto para isso.

Para muitos de nós é muito difícil falar em frente a outras pessoas, sobretudo quando não os conhecemos.

A estes sugerimos que vão se preparando e comecem pouco a pouco, com cuidado.

Todos os membros de CoDA são cuidadosos para NÃO RIDICULARIZAR, NEM ENVERGONHAR A NINGUÉM, porque nada do que compartilhamos é bobagem ou sem importância.

A melhor maneira de compartilhar nossas experiências é falando na 1ª pessoa do singular, "EU".

Não se permite fazer comentários sobre o que compartilham outras pessoas nem interferir no que dizem.



* A Importância de NÃO INTERFERIR *

Quando...

fornece-se comentários não solicitados,
ou conselhos,
contesta-se o que dizem outras pessoas,
faz-se comentários na primeira pessoa do plural "NÓS",
faz-se perguntas,
debates,
críticas,
CONTROLA-SE ou DOMINA-SE,

...se ESTÁ INTERFERINDO com o que outra pessoa compartilha.

O mesmo acontece quando....

minimiza-se os sentimentos dos demais ou as experiências dos demais,
quando há contato físico,
ou faz-se certos movimentos corporais (como assentir com a cabeça),
ou dirige-se a outra pessoa presente por nome,
faz-se perguntas,
ou faz-se ruídos ou sons verbais (risos, pigarros, etc.).

Nas reuniões falamos sobre NOSSA PRÓPRIA EXPERIÊNCIA e escutamos SEM FAZER COMENTÁRIOS ao que os demais compartilham.

Nosso ESFORÇO está focado em NOS RESPONSABILIZARMOS por NOSSAS PRÓPRIAS VIDAS, em vez de aconselhar os demais.

Nosso Guia para Compartilhar nos ajuda a EVITAR INTERFERÊNCIAS INDESEJADAS e com isso manter o AMBIENTE SEGURO de nossas reuniões."
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