terça-feira, 16 de agosto de 2011

Limites



 LIMITES
                    
O Que São Limites? 
Limites são coisas que separam uma coisa de outra.  Um bom exemplo é  nossa pele.  Ela separa nosso interior do que está exterior ao  nosso corpo.  Isto é bom e nos mantêm vivos.  Tipos de limites que nós e outros negligenciamos (conscientemente ou não) são: sexuais, espirituais, emocionais, mentais (ou intelectuais) e físicos.  Qualquer tipo de violação de limites é uma violação de limite espiritual porque alguém ou algo está tentando ser nosso Poder Superior ou controlar-nos. 

Em famílias co-dependentes nunca são os mesmo limites todos os dias.  Algumas vezes há limites para tudo.  Eles tocam e mudam dependendo do clima emocional das pessoas daquela família.

Uma vez que começamos a jornada da recuperação, começamos a construir nossa própria auto-estima e nos tornarmos mais atentos a violações de limites.  Primeiro, relacionaremos as óbvias. Conforme nós crescemos e aprendemos, nos tornamos mais conscientes de violações sutis. 

Violações de Limites Emocionais 

São acontecimentos que nos atingem em qualquer época de nossas vidas quando algo ou alguém derruba ou coloca nossas emoções como menos importante, erradas ou desnecessárias. Algumas pessoas tentam nos privar de nossos sentimentos, nossos sofrimentos, medos, raivas, culpas, alegrias, tristezas ou vergonha. Na maior parte das vezes eles tentam poupar-nos da dor.  Eles tentam consertar-nos e consertar nossos sentimentos.  Emoções e sentimentos não são errados ou maus, eles somente são.  Deus nos dá um presente ao fim de cada sentimento.  Por exemplo, depois do sofrimento/dor vem à cura/cicratização.  Só podemos curar-nos se experimentarmos primeiro nossa dor.  Se não permitirmos a nós mesmos experimentar nossos sentimentos/dor, eles não partem.

Eles irão eventualmente revelar-se por meios mais dolorosos ou quando menos esperamos.  Nós precisamos criar limites onde nos sintamos seguros, para dar-nos permissão para sentirmos nossos sentimentos.  Isto será trabalhado de duas maneiras (como tudo em nossos limites saudáveis).  Primeiro, isto nos dará permissão  para sentir tudo o que sentimos e achamos certo.  Segundo, permitiremos que os outros sejam responsáveis e tenham seus próprios sentimentos sem tentarmos mudá-los.  Quando nos tornamos conscientes de nossos limites, nós respeitamos e valorizamos os limites dos outros  também.  Nada pode nos fazer sentir qualquer coisa que nós não escolhemos sentir.

Como codependente, as pessoas que não conseguem trabalhar os seus próprios sentimentos jogam-nos sobre nós.  Geralmente não percebemos isto e carregamos algumas dessas emoções.  Novamente, a consciência de nossos limites emocionais nos lembrará de que “matéria prima” eles são feitos.  Se a qualquer hora temos sentimentos que são opressivos, e esses sentimentos pertencem aos outros.
Nossos próprios sentimentos não nos oprimem. 

Limites Emocionais Saudáveis 

Temos o direito divino de termos nossos próprios sentimentos.  Nós somos também responsáveis pelo que fazemos com eles e como os expomos.  Outras pessoas também autorizam seus sentimentos e são responsáveis pelas suas condutas acerca delas.  Nossa responsabilidade em recuperação é não consertar (com pessoas, lugares ou coisas) nossos sentimentos ou de outros.  O primeiro passo (“Admitimos que não temos poder sobre os outros – que nossas vidas se tornaram ingovernáveis”) cabe perfeitamente aqui.  Reconhecendo nossa falta de poder sobre os outros, aceleramos nossa recuperação, aceitando o que sentimos e aceitando o presente que existe no fim. 

Violações de Limites Físicos 

Isto nos acontece em qualquer época de nossas vidas quando alguém ou algo viola o espaço de nosso corpo de uma maneira física.

Algumas pessoas nos abraçam quando não queremos ser abraçados.  Pessoas nos dão esbarrões.  Pessoas continuamente nos tocam enquanto falam conosco.  Algumas vezes isto é de maneira ofensiva, outras são bem intencionadas.  Quando pessoas ficam nos olhando de uma maneira que nos é desconfortável, elas estão violando nossos limites físicos. 

Limites Físicos Saudáveis 

Temos o direito divino de dizer quando, como, onde, porque e quem toca ou aproxima-se de nosso corpo. 

Violações Limites Sexuais 

Isto acontece quando em qualquer momento de nossas vidas algo ou alguém toca nosso corpo de uma maneira sexualmente ofensiva, dolorosa, assustadora, embaraçosa ou imposta à nós.  Podem ser membro de nossa família, pessoas próximas a ela, ou pessoas que tem direitos sobre nós, tais como professores, babás ou clérigos, pode ser também filmes, programas de tv, músicas, livros, revistas ou piadas.

Este limite é pessoal.  Podem ser violações verbais, emocionais ou físicas.  Uma violação pode ser horrível e terrível como um estupro ou desconfortável como um olhar inapropriado.

Censura de  todo gênero ou preferência sexual, ameaças, contatos implícitos ou sedução física são outros exemplos de violação de limites sexuais.

Podemos nos sentir sujos e usados mesmo sem ter acontecido violação física. 

Limites Sexuais Saudáveis 

Nós temos o direito de dizer quando, como, onde, porque e quem toca nossas partes sexuais.
 
Violações de Limites Mentais (Intelectuais) 

Isto acontece a qualquer hora quando alguém ou instituição ou princípios vão de encontro com o que pensamos.  Uma forma de violação de limites intelectual ocorre quando estamos falando e outras pessoas invalidam nosso pensamento.  Como crianças, adolescentes ou adultos, geralmente ouvimos que,  “Não devemos pensar desta maneira”, ou “este tipo de pensamento não leva a lugar algum”.  Dizer que nosso pensamento vale “menos que outro” é também, uma violação de limites.  Quando experimentamos esta violação, pensamos que julgar e ser julgado é legal e terminamos violando os direitos dos outros. 

Limites Mentais (intelectuais) Saudáveis 

Temos o direito divino de ter nosso próprio pensamento.  È nossa escolha aceitar ou rejeitar o que os outros dizem sobre o que nós pensamos ou dizemos.  Permitimos a nós mesmo e aos outros, o direito de pensar e começamos a fazer nossas próprias escolhas sobre como pensamos.  O processo de recuperação  tem um monte de pensamentos, e ser capaz de pensar e compartilhar esses pensamentos é assustador no começo. A medida que recuperamos e ganhamos nossa própria auto estima, nós temos mais fé no que pensamos serenamente e permitimos aos outros terem seus próprios pensamentos, sem interrupções ou ridicularizações.  Seus pensamentos podem ferir-me somente se eu permitir, este é o presente de sermos donos de nosso intelecto e donos de nosso crescimento.   

Violações de Limites Espirituais 

Isto acontece em qualquer momento de nossas vidas quando alguém ou algo não nos permite ter nosso próprio Deus, como O compreendemos.  Qualquer tipo de violação espiritual.  Quando os outros fazem suas escolhas por nós, violam-nos física ou sexualmente, depreciam nossos sentimentos desafiam nosso conceito de Poder Superior, ignoram, abusam ou invalidam nosso pensamento, eles estão brincando de Poder Superior e estão interferindo com o nosso relacionamento com o nosso Poder Superior. Como dito antes – qualquer violação de limites é uma violação espiritual. 

Limites Espirituais Saudáveis 

Estamos exercitando limites saudáveis a qualquer hora, quando permitimos a nós mesmos o direito de:
- Definir nosso próprio Deus;
- Termos nossos próprios sentimentos;
- Dizer como e quando seremos fisicamente, sexualmente tocados;
- Termos nossos próprios pensamentos;

Estamos exercitando limites saudáveis a qualquer hora, quando permitimos aos outros terem estes mesmos direitos.

Assim aprendemos como viver e trabalhar os 12 Passos dos Co-Depenentes Anônimos e praticar todos estes princípios em nossa vida diária.  

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Desligamento



Desligamento

Retirado do livro: Co-Dependência Nunca Mais de Melody Beattie

"Desligamento não significa desligar-nos da pessoa que amamos, mas da agonia do envolvimento". - Membro do Al-Anon

Quando eu estava tentando escolher a matéria para o primeiro capítulo dessa seção, vários assuntos disputaram o primeiro lugar. Escolhi desligamento não porque é significativamente mais importante do que os outros conceitos. Selecionei-o porque é um conceito implícito. É algo que precisamos fazer freqüentemente, quando lutamos para viver felizes. É o objetivo da maioria dos programas de recuperação para co-dependentes. E é também o que devemos fazer primeiro - antes das outras coisas que também precisamos fazer. Não podemos começar a trabalhar a nós mesmos, a viver nossas próprias vidas, sentir nossas emoções e resolver nossos próprios problemas até que nos desliguemos do objeto da nossa obsessão. Pela minha experiência (e a de outros), parece que nem nosso Poder Superio pode fazer muita coisa por nós até que nos desliguemos.

Ligação


Quando um co-dependente diz: "Acho que me estou ligando a você." Cuidado! Ele ou ela provavelmente está falando a verdade.
A maioria dos co-dependentes são ligados a pessoas e problemas em seus ambientes. Por "ligação" não me estou referindo a sensações normais como gostar das pessoas, preocupar-nos com problemas ou sentir-nos ligados ao mundo. "Ligar" é envolver-se demais, às vezes desesperadamente.

A ligação pode ter várias formas:

* Podemos tornar-nos excessivamente ligados e preocupados com um problema ou pessoa (nossa energia mental está ligada).
* Ou podemos gradualmente tornar-nos obcecados em controlar as pessoas e os problemas à nossa  volta (nossa energia mental, física e emocional é concentrada no objeto de nossa obsessão)
* Podemos  tornar-nos reacionários, em vez de agirmos  autenticamente, de acordo com nosso própria vontade (nossa energia mental, emocional e física está ligada)
* Podemos tornar-nos emocionalmente dependentes das pessoas a nossa volta (agora, sim, estamos realmente ligados).
* Podemos tornar-nos tomadores de conta (salvadores, capacitadores) das pessoas a nossa volta (ligando-nos firmemente à necessidade deles por nós).

Os problemas com a ligação são muitos. (Nesse capítulo focalizarei a preocupação e a obsessão. Nos capítulos seguintes abordarei outras formas de ligação.) Demasiado envolvimento de qualquer tipo pode manter-nos em um caos: pode manter as pessoas a nossa volta em estado caótico. Se concentrarmos toda a nossa energia em pessoas e problemas, pouco nos restará para viver nossa própria vida. E há muita preocupação e responsabilidade no ar. Se assumirmos tudo para nós mesmos, não sobrará nada para as pessoas a nosso redor. Fazemos demais e eles, de menos. Além disso, preocupar-nos com pessoas e problemas não ajuda nada. Não resolve os problemas, não ajuda a outras pessoas e nem nos ajuda. É uma energia desperdiçada.
"Se você acredita que passar mal ou preocupar-se demais mudará um acontecimento, deve estar vivendo em outro planeta com um sistema diferente de realidade", escreveu o Dr. Wayne W. Dyer em Your Erroneous Zones.
A preocupação e a obsessão embaralham tanto nossa mente que não conseguimos resolver nossos problemas. Quando nos ligamos dessa forma a alguém ou a algo, nos desligamos de nós mesmos. Perdemos o contato conosco. Perdemos nossos poderes e a capacidade de pensar, de sentir, de agir, e de nos cuidar. Perdemos o controle.
A obsessão com outro ser humano ou com um problema é algo terrível para se ficar preso. Você já reparou uma pessoa obcecada por alguém ou por alguma coisa? Essa pessoa não consegue falar em mais nada, não consegue pensar em nada mais. Mesmo quanod parece estar ouvindo você falar, você sabe que ela não a está escutando. A mente dela está virando-se e revirando-se, estalando e martelando em círculos como numa interminável pista de corrida de pensamentos compulsivos. Ela está preocupada. Relaciona qualquer coisa que você disser ao objeto de sua obsessão, não importa a pouca relação que tenha uma coisa com a outra. Ela repete as mesmas coisas, de novo e de novo, às vezes mudando ligeiramente as palavras, às vezes usando as mesmas palavras. Nada que você diga faz qualquer diferença. Até pedir para parar não funciona. Ela provavelmente pararia, se pudesse. O problema é que não consegue (naquele momento). Está explodindo de energia negativa da qual a obsessão é feita. Tem um problema ou um conceito que está não apenas perturbando-a - está controlando-a.
Muitas pessoas com quem trabalhei em grupos familiares estavam obcecadas dessa forma pelas pessoas de quem gostavam. Quando perguntava o que estavam sentindo, respondiam o que a outra pessoa estava sentindo. Quando perguntava o que tinham feito, contavam o que a outra pessoa tinha feito. Sua total concentração era em alguém ou em algo que não elas. Algumas passaram anos fazendo isso - preocupando-se, reagindo e tentando controlar outro ser humano. Elas eram apenas cascas - às vezes quase invisíveis - de pessoas. Sua energia estava exaurida, dirigida a alguém. Não conseguiam dizer o que sentiam ou pensavam porque elas mesmas não sabiam. Sua concentração não estava nelas.
Talvez você esteja obcecado por alguém ou por algo. Alguém diz ou faz alguma coisa. Um pensamento logo lhe ocorre. Algo que o faz recordar-se de alguma coisa passada. Um problema penetra em sua consciência. Algo acontece ou não acontece. Ou você sente que algo está acontecendo, mas não sabe exatamente o quê. Ele não telefona, e costuma ligar para você por esta hora. Ele não atende ao telefone, e deveria. É dia de pagamento. Antes ele sempre bebia no dia do pagamento. Ele está sóbrio há apenas três meses. Será que isso acontecerá de novo hoje? Você pode não saber o que, pode não saber por que, ou não tem certeza de quando, mas você sabe que algo - algo terrível - aconteceu, está acontecendo ou está por acontecer.
Isso lhe embrulha o estômago. Toma conta de você - aquele nó na barriga, aquela ansiedade que os co-dependentes conhecem tão bem. É isso que nos leva a fazer a maioria das coisas que nos prejudicam; é a substância da qual a preocupação e a obsessão se alimentam. É o medo em sua pior forma. O medo geralmente vem e vai, deixando-nos no ar, prontos para lutar, ou apenas temporariamente amedrontados. Mas a ansiedade continua lá. Ela agarra a mente, paralisando-a para tudo, menos para seus próprios objetivos - uma interminável reedição dos mesmos pensamentos inúteis. É o combustível que nos impulsiona aos comportamentos controladores de todos os tipos. Não pensamos em mais nada além de manter uma tampa nas coisas, controlar problemas, e fazer com que vá embora; é a coisa da qual a co-dependência é feita.
Quando você fica obcecado, não consegue tirar o pensamento daquela pessoa ou daquele problema. Não sabe o que está sentindo. Não sabe o que está pensando. Não tem certeza nem do que deve fazer, mas, pelo amor de Deus, faça algo! E rápido!
Preocupar-se, ficar obcecado e controlar são ilusões. São trapaças que fazemos com nós mesmos. Sentimos como se estivéssemos fazendo algo para resolver nossos problemas, mas não estamos. Muitos reagimos desta forma, com justificável boa razão. POdemos ter convivido com problemas sérios e complicados que despedaçaram nossas vidas, que fariam com que qualquer pessoa normal se tornasse ansiosa, aborrecida, preocupada e obcecada. Pode ser que amemos alguém que tenha problemas - alguém que esteja fora do controle. Esses problemas podem ser alcoolismo, algum distúrbio de comer, jogar, um problema mental ou emocional ou uma combinação disso tudo.
Pode ser que alguns de nós tenhamos problemas menos sérios, mas eles nos preocupam de qualquer maneira. Pode ser que a pessoa que amamos subitamente mude de humor. Ou faça coisas que desejássemos que não fizesse. Ou achamos que ele ou ela deveria fazer as coisas de uma forma diferente, de uma forma melhor, uma forma que achamos que não causaria tantos problemas.
Com a convivência, alguns de nós podemos desenvolver uma atitude de ligação - de preocupar, reagir e tentar controlar obsessivamente. Talvez tenhamos vivido com pessoas e passado por coisas que estavam fora do controle. Talvez a obsessão e o controle sejam a forma pela qual mantemos as coisas em equilíbrio ou evitamos temporariamente que elas piorem. E depois continuamos a fazer isso. Talvez tivéssemos medo de nos afatar, porque, quando nos afastamos no passado, coisas terríveis e dolorosas aconteceram.
Talvez estejamos ligados a pessoas - vivendo a vida para elas e através delas - por tanto tempo que não nos sobrou nenhuma vida para ser vivida. É mais seguro ficarmos juntos. Pelo menos se estamos reagindo sabemos que estamos vivos. Pelo menos temos algo para fazer, se ficarmos obcecados ou controlando.
Há várias razões pelas quais os co-dependentes tendem a se agarrar aos problemas e às pessoas. Não importa se preocupar-se não resolve nada. Não importa que estejam tão obcecados que não consigam ler um livro, assistir à televisão ou dar um passeio. Não importa se suas emoções estejam constantemente em tumulto quannto ao que a pessoa disse ou não disse, ao que fez ou não fez, ou ao que fará a seguir. Não importa se as coisas que estamos fazendo não estejam ajudando à ninguém! Não importa a que custo, continuaremos ligados. Rangeremos os dentes, pegaremos a corda e ficaremos mais agarrados do que nunca.
Alguns de nós nem mesmo nos damos conta de que nos estamos agarrando tanto. Ou nos convencemos de que temos de ficar agarrados assim mesmo. Achamos que simplesmente não há outra escolha além de reagir ao problema ou à pessoa dessa maneira obsessiva. Freqüentemente, quando sugiro às pessoas que se desliguem da outra pessoa ou do problema, elas recuam em horror. "Oh, não", dizem, "eu não poderia nunca fazer isso. Eu o amo demais. Importo-me demais com ele para fazer isso. Esse problema ou pessoa é importante demais pra mim. Tenho de permanecer ligado a ele."
Minha resposta é: "QUEM DISSE QUE TEM?"
Tenho uma notícia, uma boa notícia. Nós "não temos" de fazer nada. Há uma maneira melhor. Chama-se "desligamento". Pode ser assustador no princípio, mas no final será melhor para todos os envolvidos.

Uma Maneira Melhor


O que é exatamente desligar-se? O que estou pedindo de você? (O termo, como já deve ter adivinhado, é mais um jargão.)
Primeiro, vamos discutir o que desligamento não é. Desligamento não é um abandono frio e hostil; a resignada, desesperada aceitação de qualquer coisa que a vida e as pessoas jogam em nosso caminho; nem uma caminhada robótica através da vida, esquecidos e totalmente insensíveis às pessoas e aos problemas; nem uma felicidade ignorante tipo Poliana; nem uma fuga de nossas verdadeiras responsabilidades para com nós mesmos e com os outros; nem o término de nossas relações. Nem remover nosso amor e preocupação, embora às vezes essas formas de desligamento possam ser o melhor a fazer, no momento.
Idealmente, desligamento é desobrigar-se, ou desligar-se, de uma pessoa ou problema com amor. Desligar-nos mentalmente, emocionalmente e às vezes fisicamente de um envolvimento não saudável (e freqüentemente doloroso) da vida e das responsabilidadesd e outra pessoa, de problemas que não podemos resolver, de acordo com um folheto intitulado "Desligamento" que foi distribuído há anos para os frequentadores do Al-Anon.
Desligamente é baseado na premissa de que cada pessoa é responsável por si mesma, que não podemos resolver problemas que não são nossos, e que preocupar-se não adianta nada. Adotamos a política de nos afastar das responsabilidades de outras pessoas, e a cuidar das nossas. Se as pessoas criam alguns desastres para si mesmas, permitimos que elas próprias enfrentem as conseqüencias. Permitimos às pessoas serem quem são. Damos a elas a liberdade de serem responsáveis e de crescerem. E damos a nós mesmos essa mesma liberdade. Vivemos nossas próprias vidas o melhor que podemos. Lutamos para determinar o que podemos mudar e o que não podemos mudar. Depois, paramos de tentar mudar as coisas que não podemos. Fazemos o que podemos para resolver um problema, e depois paramos de nos lamuriar e de nos afligir. Se não podemos resolver um problema e fizemos o que podíamos fazer, então aprendemos a viver com o problema, ou apesar daquele problema. E tentamos viver vidas felizes - concentrando-nos heroicamente no que é bom em nossa vida hoje, e sentindo gratidão por isso. Aprendemos a lição mágica de que aproveitar o que temos ao máximo transforma isso em mais.
Desligamento envolve "viver o momento presente" - viver aqui e agora. Permitimos que a vida aconteça, em vez de forcá-la e tentar encontrá-la. Abandonamos os arrependimentos do passado e o medo do futuro. Fazer o melhor a cada dia.
Desligamento também envolve aceitar a realidade - os fatos. Requer fé - em nós mesmos, em Deus, em outras pessoas e na ordem natural e no destino das coisas nesse mundo. Acreditamos na propriedade e na exatidão de cada momento. Livramo-nos de nossas cargas e preocupações, e permitimo-nos a liberdade de gozar a vida, apesar de nossos problemas não resolvidos. Confiamos em que tudo está bem, apesar dos conflitos. Confiamos em que Alguém maior que nós mesmos sabe, ordenou e se importa com o que está acontecendo. Compreendemos que esse Alguém pode fazer muito mais do que nós para resolver o problema. Então tentamos sair do caminho Dele e deixar que Ele faça isso. Com o tempo saberemos que tudo está bem, porque veremos como as coisas mais estranhas (e às vezes mais dolorosas) mudam para melhor e para o benefício de todos.
Judi Hollis escreveu sobre desligamento num capítulo sobre co-dependência em seu livro Fat Is a Family Affair. Ela descreve o desligamento como uma "saudável neutralidade".
Desligamento não significa que não nos importamos. Significa que aprendemos a amar, a nos importar, e a nos envolver sem ficarmos loucos. Paramos de criar todo esse caos em nossas mentes e em nossos ambientes. Quando não nos estamos debatendo ansiosa e compulsivamente, nos tornamos capazes de tomar boas decisões sobre como amar as pessoas e como resolver nossos problemas. Ficamos livres para nos importar e amar de maneiras que ajudam aos outros e sem ferirmos a nós mesmos.
As recompensas do desligamento são grandes: serenidade, uma profunda sensação de paz; a capacidade de dar e receber amor de maneiras positivas e energizantes; e a liberdade para encontrar soluções reais para os nossos problemas. Encontramos liberdade para viver nossa própria vida sem sensações excessivas de culpa ou de responsabilidade para com os outros. Às vezes, o desligamento até motiva e liberta as pessoas em volta de nós para que comecem a resolver seus problemas. Paramos de preocupar-nos com elas; elas se dão conta e finalmente começam a preocupar-se com elas mesmas. Que grande plano! Cada um tratando de sua própria vida.
Anteriormente, descrevi uma pessoa presa no envolvimento das obsessões e preocupações. Conheci muitas pessoas que tiveram ou preferiram viver com problemas sérios, como um cônjuge alcoólico que nunca para de beber, uma criança severamente deficiente, ou um adolescente infernal que destrói a si mesmo através de drogas e de comportamento criminoso. Essas pessoas aprenderam a viver a vida, apesar de seus problemas. Elas choraram suas perdas, depois encontraram uma maneira de viver suas vidas não em resignação, martírio ou desespero, mas com entusiasmo, paz e um verdadeiro senso de gratidão pelo que era bom. Elas tomaram conta de suas verdadeiras responsabilidades. Elas se davam às pessoas, ajudavam as pessoas e amavam as pessoas. Mas também se davam e amavam a si mesmas. Mantinham-se em alta estima. Não faziam essas coisas com perfeição, sem esforço, ou instantaneamente. Mas empenharam-se e aprenderam a fazê-las bem.
Tenho um débito de gratidão para com essas pessoas. Elas me ensinaram que o desligamento era possível. Mostraram-me que isso funciona. Gostaria de poder transmitir essa mesma esperança a você. E que você encontre outras pessoas para passar adiante essa esperança, porque o desligamento é real e floresce com apoio e cuidado.
Desligamento é tanto uma ação quanto uma arte. É uma forma de vida. Acredito que é também um presente. E será proporcionado àqueles que o procuram.
Como nos desligamos? Como livrar nossas emoções, nossa mente, nosso corpo e nosso espírito da agonia do envolvimento? Da melhor forma que pudermos. E provavelmente um pouco desajeitadamente no princípio. Um velho ditado dos Alcoólicos Anônimos e do Al-Anon sugere uma fórmula de três partes: Honestidade, Abertura e Desejo de Tentar.
Nos próximos capítulos, discutiremos conceitos mais específicos de desligamento de certas formas de ligação. Você terá de decidir como essas idéias se aplicam a você e à sua situação em particular, e depois encontrar seu próprio caminho. Com um pouco de humildade, dedicação e esforço de sua parte acredito que possa fazer isso. Acredito que o desligamento pode transformar-se em reações costumeiras, da mesma maneira que a obsessão, a preocupação e o controle se transformam em reações costumeiras - pela prática. Você pode não fazer isso perfeitamente, mas ninguém faz. Contudo, seja qual for o ritmo em que pratique o desligamento em sua vida, acredito que será o certo para você. Espero que você seja capaz de se desligar com amor das pessoas das quais se esteja desligando. Acho que é melhor fazer tudo numa atitude de amor. Entretanto, por uma série de razões nem sempre podemos fazer isso. Se não pode desligar-se com amor, minha opinião é de que é melhor separar-se com raiva do que permanecer ligado. Se estamos separados, estamos numa posição melhor para lidarmos com (ou através) nossos ressentimentos. Se continuarmos ligados, provavelmente não faremos outra coisa a não ser continuar perturbados.
Quando devemos nos desligar? Quando não conseguimos deixar de pensar, falar e preocupar-nos com algo ou alguém; quando nossas emoções estãõ fervendo; quando achamos que temos de fazer quanto a alguém, porque não conseguimos aguentar nem mais um minuto; quando estamos por um fio, e esse fio está enfraquecendo; e quando acreditamos que não podemos mais conviver com o problema com o qual temos tentado viver. É hora de desligamento! Você aprenderá a reconhecer quando o desligamento for aconselhável. Uma boa regra é: você precisa desligar-se principalmente quando isso parecer a coisa mais impossível a ser feita.
Fecharei este capítulo com uma história verdadeira. Uma noite, por volta da meia-noite, o telefone tocou. Eu já estava na cama e imaginei, enquanto pegava o telefone, quem poderia estar ligando àquela hora. Achei que devia ser uma emergência.
E de certa forma, era. Era uma desconhecida. Ela estava telefonando para vários amigos há horas, tentando encontrar algum tipo de consolo, o que aparentemente não havia sido capaz de encontrar. Alguém lhe deu o telefone de outra pessoa, aquela pessoa deu o telefone de alguém mais, e a última pessoa sugeriu que ela me telefonasse.
Imediatamente após se apresentar, a mulher explodiu num longo discurso. Seu marido costumava ir ao A.A. Ele se separara dela, e agora estava vendo outra mulher porque queria "encontrar-se". Além disso, antes de deixá-la, ele vinha agindo como louco e não estava indo às reuniões. E, perguntava ela, ele está agindo como louco, saindo com uma mulher muito mais jovem do que ele?
No princípio fiquei muda, depois foi difícil encontrar uma chance para dizer alguma coisa. Ela falava sem parar. Finalmente ela perguntou:
- Você acha que ele está doente? Não acha que está louco? Não acha que ele deve fazer alguma coisa?
- Talvez - respondi. - Mas obviamente não posso fazer nada, e você tampouco. Estou mais preocupada é com você. Como você está se sentindo? O que você acha? O que você precisa para cuidar de si mesma?
Agora, quero dizer a mesma coisa a você, caro leitor. Sei que tem problemas. Compreendo que possa estar profundamente aflito e preocupado com certas pessoas em sua vida. Elas podem estar destruindo a si próprias, você, e à sua família, bem diante de seus olhos. Mas não posso fazer nada para controlar essas pessoas; e provavelmente você também não. Se pudesse certamente já teria feito.
Desligue-se. Desligue-se com amor, ou com raiva, mas esforce-se para desligar-se. Sei que é difícil, mas será mais fácil com a prática. Se não conseguir desligar-se completamente, tente "ficar solto". Relaxe. Agora, respire fundo. E concentre-se em você.

Atividade


1 - Existe algum problema ou pessoa em sua vida que o esteja preocupando em excesso? Escreva sobre essa pessoa ou problema. Escreva tanto quanto precisar pra desabafar. Quando escrever tudo que precisar sobre a pessoa ou o problema, concentre-se em si mesmo. O que está pensando? O que está sentindo?

2 - Como se sente quanto a desligar-se dessa pessoa ou desse problema? O que pode acontecer se você se desligar? O que provavelmente acontecerá de qualquer forma? Como ficar "ligado" - preocupado, obcecado, tentando controlar - tem ajudado até agora?

3 - Se não tivesse essa pessoa ou esse problema, o que estaria fazendo de diferente em sua vida do que está fazendo agora? Como se estaria sentindo e comportando? Leve alguns minutos visualizando a si mesmo vivendo sua vida, sentindo-se e comportando-se à sua maneira - apesar de seus problemas não resolvidos. Visualize suas mãos colocando nas mãos de Deus a pessoa ou o problema que o atormenta. Visualize Suas mãos segurando aquela pessoa suave e carinhosamente ou aceitando desejosamente aquele problema. Agora, visualize Suas mãos segurando você. Está tudo bem. Tudo está como deveria e precisa estar. Tudo ficará bem - melhor do que você imagina.
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